sábado, 21 de abril de 2012

Relíquia abandonada

21/04/2012 | N° 3121 - Jornal Diário de Santa Maria

Relíquia abandonada

Não é difícil entender por que o prédio que fica na esquina da Rua Manoel Ribas com a Doutor Wauthier está interditado. Pelos vidros quebrados das janelas, ficam à mostra alguns troféus que nunca foram tirados das prateleiras da Associação dos Empregados da Viação Férrea. É possível enxergar ainda que, pouco a pouco, o forro está caindo e que, se alguém pretende fazer algo pelo local, uma saída rápida precisa ser encontrada. Mas não é preciso nem chegar tão perto para saber que algo vai mal.

O prédio é um dos únicos da Vila Belga que não foram pintados recentemente. Assim, quem passa pelo ponto turístico cheio de casas coloridas imediatamente tem seu olhar atraído para o imóvel, que se destaca pelo seu abandono: rachaduras nas paredes, vidros quebrados, ferrugem e mofo onde um dia houve luxo. Por isso, é difícil pensar que, naquele lugar, aconteceram tantos casamentos de ferroviários, centenas de festas de formatura, inúmeros bailes de Carnaval.

Fundada em 15 de novembro de 1914, a associação foi, por muitos anos, um dos clubes mais importantes da cidade. No livro Os Trabalhadores da V.F.R.G.S.(2008), o doutor em História João Rodolpho Amaral Flores conta que o local era importante tanto pela categoria que o constituiu, a “elite ferroviária”, quanto pelas atividades culturais realizadas por seus sócios, que promoveram muitos eventos políticos, reuniões dançantes e jogos como xadrez, dominó, dama, bocha e bilhar.

– Às vezes, ouço um barulho estranho e, quando vou ver, é algum pedaço do telhado que caiu – conta José Darci Gonçalves Vieira, 69 anos.

Ainda que o imóvel esteja interditado, Vieira, que é conhecido na comunidade como seu Caju, ainda mora com mais algumas pessoas da família no prédio.

– Quando o clube funcionava, eu ajudava um dos ecônomos (encarregado da administração). Depois, fui ficando. Já quiseram me tirar daqui, mas, para que se o prédio não está sendo usado? – argumenta o morador.

A presidente da Associação Comunitária da Vila Belga, Idalina Mirasso, diz que os moradores da região têm planos para o local. A intenção é conseguir o imóvel para oferecer diversos cursos para a comunidade. Segundo ela, essa possibilidade vem sendo discutida há algum tempo com a direção do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Além das aulas, ainda haveria espaço para o lazer dos moradores e para reuniões.

No ano passado, a União incorporou os patrimônios que eram da Rede Ferroviária Federal, entre eles o prédio da Associação. Ao saber disso, a prefeitura encaminhou um ofício pedindo a posse do imóvel, mas ainda não teve resposta. Segundo a procuradora geral do município, Anny Desconzi, a prefeitura irá decidir o que fazer com o imóvel somente depois que obtiver uma resposta. Mas, segundo ela, o objetivo é que o local seja usado pela comunidade.

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,1304,3733860,19447

2 comentários:

  1. É urgente a definição da utilização destes prédios, vimos na nossa visita o estado em que se encontram e não demora muito para não terem mais conserto.Se pudermos fazer algo para ajudar, entre em contato.

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  2. Olá Sonia!

    Legal! Obrigada!
    Esperamos que logo tenha solução!

    Abraços!

    Andrea

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